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dezembro 22, 2016

Prémio “Direitos Humanos 2016”: um exemplo de “rigor” e “transparência”…


O prémio “Direitos Humanos 2016” da Assembleia da República, no valor de 25 mil euros, foi atribuído a António Guterres, por decisão votada unanimemente por uma comissão de deputados de todas as bancadas parlamentares.

Parece pacífica a decisão, mas não é. 
Uma organização não governamental (que se candidatou ao prémio) denunciou a situação e, à luz do regulamento, parece ter razão.
Ora, António Guterres não cumpre nenhum dos critérios.
1.º- O Alto Comissariado para os Refugiados nas Nações Unidas (o ACNUR) é uma agência especializada da ONU, que é uma organização governamental;
2.º- O segundo pressuposto (“original literário ou científico”), também não é aplicável, pois António Guterres não tem qualquer publicação na área dos Direitos Humanos.

E como reage Pedro Bacelar Vasconcelos, presidente da comissão que decidiu o prémio, à polémica? 
Mostra-se indignado por estarem a ser levantados problemas à atribuição do prémio.

Questionado sobre o facto de o ACNUR não ser uma ONG e de poder haver associações que concorreram lesadas, Pedro Bacelar Vasconcelos ainda se indignou mais: "Se há qualquer idiota que não concorda com a atribuição do prémio, que recorra. Isto não foi decidido por uma qualquer comissão, foi decidido por deputados da comissão de Assuntos Constitucionais".                                                                                                 In Observador

COMENTÁRIOS:
1. Quem contesta a decisão é idiota. Já os deputados que atribuem um prémio sem lerem o regulamento que eles próprios criaram fizeram um belo serviço…
Aqui fica a lista completa das “cabeças iluminadas”: Pedro Bacelar de Vasconcelos (PS), que preside, José Matos Correia (PSD), Filipe Neto Brandão (PS), Sandra Cunha (BE), Telmo Correia (CDS-PP), António Filipe (PCP) e José Luís Ferreira (PEV).
2. Só ficava bem a Guterres recusar o prémio. Doá-lo ao Conselho Português dos Refugiados nada altera. Ninguém pode doar aquilo a que não tem direito.
3. Pedro Bacelar limita o assunto a uma “questão de vírgulas”. 
Uma questão de vírgulas?! Questionei-me sobre o alcance de tal declaração. Como “vírgula” vem do latim virgula, igual à grafia atual, diminutivo de virga (“varinha”), a explicação só pode ser esta: quem não concordar com a decisão leva com a varinha. As ONG que concorreram e viram o prémio por um canudo já levaram com ela!
Abraço.
ProfAP

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